segunda-feira, 4 de junho de 2012

A DEGOLA - testemunho de José Fonseca e Costa

A DEGOLA

Dizem que “vale mais uma imagem do que mil palavras”.
Pouco passava da meia noite quando, a cem metros da minha residência, me encostaram uma navalha de degola à jugular, depois de um golpe de gravata feito com mão de mestre, sendo de seguida atirado ao chão e pontapeado sem dó nem piedade.
Assim começaram para mim as Festas da Cidade neste bairro, onde moro há mais de 40 anos e que a CML insiste em considerar como sendo emblemático, a ponto de fazer a sua propaganda externa designando-o como o bairro da “movida” ignorando que está na sua maior parte transformado numa lixeira, com ruas sujas, escusas e escuras que são uma tentação para os criminosos, de quem a vitima agora fui eu.
A Rua Nova do Loureiro, a minha rua, considerada como uma das mais belas de Lisboa por causa do porte das suas árvores e das flores que pendiam dos muros dos quintais, é hoje uma rua abandonada e triste, onde os empresários do imobiliário actuam a seu bel-prazer, sem a presença da Policia Municipal e na mais total desprotecção de quem nela habita.
Quem manda na CML tem a memória curta: esqueceram-se do incêndio do Chiado. Se um dia o fogo pega numa das casas em gaiola, de madeira oitocentista, o Bairro arde inteirinho.

José Fonseca e Costa
3 de Junho de 2012.


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